segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Telescópio Newtoniano 180mm/f7

Quando iniciei na astronomia minhas primeiras observações foram feitas com um binóculo [7X50] que meu sogro me emprestou e que mais tarde foi trocado por um outro de mesma especificação mas com componentes mais bem dimensionados.
Em pouco tempo decidi pela aquisição de um telescópio e depois de estudar as opções decidi pela construção de um newtoniano, mesmo sabendo que a compra de um industrializado seria muito mais rápida.
Hoje nem posso dizer que a opção da construção me trouxe economia pois, na verdade, com as várias modificações que fui implementando ao longo do tempo acabei gastando mais. Só que durante o processo a aprendizagem foi muito maior e hoje posso dizer que sei como funciona um telescópio refletor e que entendo a maioria dos parâmetros envolvidos em seu funcionamento.
Assim adquiri um KIT de espelhos, sendo o primário com 180mm de abertura (F7) e o secundário com 34mm de eixo menor (KIT do Sebastião Santiago). Depois de certo esforço e de algum tempo concluí o telescópio que me proporcionou observações que jamais havia pensado em fazer na vida.
Só que com a experiência acabei ficando mais exigente e percebi que o equipamento precisava de algumas melhoras.
A primeira e mais urgente era a troca do focalizador pois o primeiro era um modelo deslizante feito com tubos de PVC. O dispositivo para focalização não era suave e o problema principal era que seu eixo ótico não ficava perpendicular ao tubo principal. Assim comprei um focalizador crayford industrializado da GSO que depois de instalado trouxe muito mais conforto nas observações permitindo uma colimação mais bem feita.
A próxima mudança foi na base dobsoniana, na qual instalei rolamentos em seus discos de azimute e confeccionei um "berço" para suportar o tubo, substituindo as braçadeiras originais que ficaram muito mal feitas.
Com essa nova configuração as observações ficaram ainda mais confortáveis e precisas, pois já conseguia separar estrelas duplas com separação próxima a 2arcsec.
Mais ainda havia alguns incômodos; um deles era o diâmetro do tubo de PVC que era muito apertado para a abertura do espelho. Eram 196mm de espaço interno para os 180mm do espelho. Essa configuração causava vinhetagem e dificultava

bastante a colimação. Assim mandei fazer um tubo de chapa galvanizada com um diâmetro interno de 216mm, aumentando assim a folga do espelho. Com o novo tubo o "berço" de suporte da base dobsoniana precisou ser modificado.
Outra modificação foi a célula do primário que teve as molas substituidas além de uma furação mais adequada, feita em furadeira de bancada. Mas o principal na nova célula foi a introdução de seis pontos flutuantes de apoio do espelho para evitar deformações na superfície do mesmo. O Leandro Trevisan me forneceu os cálculos das distâncias entre os pontos de apoio, que têm que ser bastante precisas, e dependem da abertura e da espessura do vidro.
E por fim substituí o suporte do espelho secundário. Mandei usinar, furar e abrir roscas em uma peça sextavada de alumínio e ainda troquei a tradicional "aranha" de três hastes retas por uma haste curva feita com uma chapa de aço com 0,8mm de espessura. A haste curva eliminou os spikes de difração e assim consegui imagens perfeitamente pontuais das estrelas. A perda de contraste não foi muito significativa frente ao ganho na qualidade das imagens.

A diferença na observação de Saturno e a separação de estrelas duplas mais cerradas comprovaram a eficiência que todas as modificações proporcionaram ao conjunto.
As imagens desse post são uma compilação de quatro álbuns postados no multiply que descreviam todo o processo de construção e das modificações.












 Primeira versão do telescópio






Aranha de hastes retas e focalizador deslizante
improvisado com tubos e conexões de PVC








A primeira buscadora. Híbrida de telrad com red dot (funciona até hoje)









 O novo "berço" para apoio na base dobs


Detalhe da cinta de ferro: mais suavidade aos movimentos







Nova base para movimento de azimute








 Detalhe do rolamento da nova base











Novo tubo de chapa galvanizada








Pintura do tubo








Anel na boca do novo tubo para tirar a ovalização








Fixação do novo focalizador crayford








 Novo suporte do secundário com haste curva








Detalhe do suporte











 Detalhe do suporte








Suporte do secundário pintado e instalado no novo tubo








Célula para espelho primário com seis apoios flutuantes








Detalhe da nova célula








Nova célula (vista por baixo)







Adaptação do berço ao novo tubo









Telescópio finalizado

2 comentários:

  1. Olá alex.meu nome é Walter .
    Nossa esse tele ficou lindo, eu já fiz a base do prima,mas tenho dúvidas do material, eu fiz com madeira formicada,para evitar umidade e dilatação,mas não entendi porque precisa de pontos flutuantes como voçê fez,eles têm de ser móvel,e não entendo como pode ser preso com essas latinhas em forma de L sem danificar o espelhamento do prima.Se possível gostaria de melhores explicações se voçê puder é claro!

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    1. Olá Walter, desculpe-me pela demora em responder.
      Na verdade essa célula com apoios flutuantes é desnecessária para um espelho desse tamanho.
      A ideia da célula é evitar que possíveis deformações sejam transferidas para o espelho.
      São seis pontos de apoio distribuídos e essa distribuição tem que ser calculada. O Leandro fez os cálculos para mim e me passou as distâncias corretas de onde os pontos deveriam ficar.
      As presilhas em "L" que prendem o espelho possuem umas bolhas de silicone daquelas que são usadas pelos marceneiros para amortecer as batidas das portas dos armários. Elas são auto colantes e encontradas em diversos tamanhos.
      Dá uma olhada no meu multiply, antes que o site seja desativado. O link é: http://alexmilito.multiply.com/photos/album/35/35

      Nesse álbum a célula está mais detalhada.

      abração

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