sexta-feira, 10 de julho de 2009

APERFEIÇOAMENTO DA CÉLULA DO PRIMÁRIO


A solução que encontreei para a célula do espelho primário do meu 180/F7 me incomodava pelo fato de que os balancins estavam muito afastados da base, fato para o qual o Leandro Trevisan havia chamado a minha atenção.
Aproveitando as férias parti para um novo design que permitiu diminuir o espaço entre espelho e base de 22 mm para 8 mm !
Como não tenho equipamento para soldar metais, resolvi fazer com o velho MDF, só que dessa vez fiz um recorte no disco (foto 1) no qual fixei três cantoneiras de alumínio, obedecendo as distâncias calculadas para a celula anterior. Nessas cantoneiras prendi os balancins com arrebites de forma que os movimentos de "gangorra" ficaram bastante livres e suaves.
Para não ter que usar parafusos direto no MDF fixei na parte externa do disco mais três cantoneiras de alumínio para poder fazer a fixação das presílhas do espelho com bastante firmeza.
Para o apoio do espelho nos balancins usei amortecedores emborrachados - não sei de que material são feitos mas são aqueles auto colantes usados por marceneiros e que são presos nas portas de armários para evitar batidas fortes. Para os apoios do espelho usei peças de tamanho maior (fotos 6 e 9) e na parte interna das presilhas usei menores para proteger o espelho (fotos 5 e 8).
Como a célula ficou mais "enxuta" ganhei 22 mm de tubo. Fiz um cálculo meio por olho para empurrar o foco mais para fora do focalizador para assim conseguir fazer foco usando a câmera DSLR sem a objetiva (ainda não testei se consegui).
Na primeira estrela de hoje já fiz a colimação, conseguindo um belíssimo disco de Airy, com círculos bastante concêntricos e que me deixou bastante satisfeito.
O foco ficou bem mais para fora, mas ainda suficiente para focar com a ortoscópica com uma boa folga - se for preciso ainda posso jogar o foco um pouco mais para fora.














quinta-feira, 21 de maio de 2009

OBSERVAÇÂO DE 21/05/2009

Hoje Júpiter já está bem próximo a Netuno (estão separados por apenas 33 arcmin), e aqui em Franca só estariam um pouco mais altos depois das 2 horas. Precisava "matar" o tempo, mas as observações de objetos fracos daqui do quintal é impossível. Como a MVL estava em apenas 4,5 decidi procurar por aglomerados abertos de pequenas dimensões e em Scutum (uma constelação pequena quase do tamanho de Cru, espremida entre Sco - Sgr - Aql - Ser) temos vários deles. Assim observei os seguintes objetos:

    Nº NGC  .....mag.......tamanho         
- NGC 6705 ....5,80 ......    14'
- NGC 6704 ....9,20 ......     6'
- NGC 6712 ....8,20 ......     7,2'
- NGC 6694 ....8,00 ......     15'
- NGC 6664 ....7,80 ......     16'
- NGC 6683 ....10,0 ......     11'

Não se tratou e uma observação visualmente espetacular, mas serviu para pratica de localização de objetos que acabam se confundindo com o "pano de fundo" estrelado dessa região riquíssima em estrelas. NGC 6683, por exemplo, se não fosse a imagem do "messier45.com" acredito que não teria sido possível reconhecer. Hoje a internet facilita muito a astronomia de observação amadora.

Em Aquila já observei em outra ocasião a estrela vermelha V-Aql (de classe espectral abaixo da famosa sequência 'OBAFGKM'. No catálogo CGCS  (Catalogue of Galactic Carbon Stars) ela é listada como uma estrela de classe N6 (Sh) - (classificação espectral de Shane). Caso alguém tenha interesse em saber mais a respeito do CGCS, tem uma boa descrição em http://www.astr.lu.lv/CGCS/cgcs.htm. Quando a localizei no Cartes du Ciel verifiquei que há outra dessas estrelas de mag 6,30 nas proximidades e ela está justamente em Scu e assim achei por bem dedicar algum tempo à sua localização.
A estrela connhecida por S Scu fica a cerca de 1° a NE de NGC 6712 e não foi muito difícil encontrar pois sua coloração vermelha facilita muito a tarefa. S Scu é da classe N3(Sh) e emite uma luz muito bonita.

A essa altura Júpiter já estava a 35° de altitude e assim apontei o telescópio para ele para observar a aproximação com Netuno. Com a ocular de 32mm (72' FOV) os dois planetas puderam ser vistos ao mesmo tempo. Netuno com sua forma estrelar e de cor azul formava uma bonita imagem com Júpiter e suas quatro luas principais  do mesmo lado do planeta. Parece que no sábado eles estarão mais próximos. A conferir...

Nas proximidades dos dois planetas estava o cometa 22P KOPFF que já entrou na mag 8,20. Apontei o telescópio para a sua posição mas não foi possível identificá-lo entre as estrelas pois acho que ele ainda não apresenta coma nem cauda (pelo menos para o meu céu de MVL 4,50). Pode ser que com um céu mais escuro a sua identificação seja possível.

Se tudo der certo nesse fim de semana de Lua Nova vou procurar um céu mais escuro.

domingo, 26 de abril de 2009

Observação 26/27-04-2009

Finalmente uma noite com atmosfera calma e, apesar de algumas poucas e pequenas nuvens rápidas, sem Lua.

Aproveitei para algumas coisas que ainda estavam pendentes. Primeiramente o alinhamento polar da montagem germânica (cuja motorização já está virando uma novela sem fim). Coloquei o refrator e apontei para M42 (comecei cedo mesmo) com 72 aumentos e um campo de 36' e deixei o trapézio bem no centro da ocular. Obviamente não consegui um alinhamento perfeito logo de cara pois o inclinômetro que construi com toda certeza não deve primar pela precisão, mas até que foi possível acompanhar o trapézio por algum tempo. Depois de algum tempo percebi que precisava abaixar um pouco o ângulo do eixo de AR. Depois de mais um tempo percebi que precisava de mais um ajuste fino no ângulo e cheguei a um resultado, pelo menos para o visual, bastante satisfatório.

Com M42 já baixo no horizonte apontei para Saturno para oa teste de verificação. Deixei o planeta no centro do campo da ocular (a mesma) e entrei para o jogo de buraco dos domingos. Depois da primeira mão, que durou uns 25 minutos voltei para o telescópio e girei o eixo de AR para procurar Saturno que para minha satisfação ainda estava, senão no centro do campo da ocular pelo menos muito próximo a ele.

Com a montagem alinhada aproveitei a proximidade de M-48 e deixei o aglomerado encher o campo da ocular de 32 mm e voltei para o jogo. Mais um tempo depois voltei, girei o eixo de AR e o aglomerado continuava no campo de visão.

Me dei por satisfeito e peguei o newtoniano para procurar a galáxia do sombreiro M-104. Como bem diz o Magelanico, lá do CF, para uma boa observação de galáxias quanto mais escuro o céu melhor. Daqui do quintal eu procuro de teimoso que sou. Não que não tenha encontrado (depois de muito pular de estrela em estelra a partir de delta corvus), mas a observação fica bastante prejudicada ainda mais pela pequena dimensão de M-104. Mas pude perceber a sua forma usando a visão periférica.

Depois disso foi só ficar passeando pelas proximidades de carina, crux e centaurus observando os objetos mais fáceis e de quebra aproveitei para rever, ainda que mal por causa da PL, NGC 5128. No próximo final de semana - com feriado na sexta - já teremos a companhia da Lua.

sábado, 18 de abril de 2009

Observação de CENTAURUS "A"

Ontem a noite me propus a tentar observar a galáxia e Ceuntaurus "A" (NGC 5128) da qual tenho visto relatos de observações mas que até então não tinha tido a oportunidade de  dedicar um tempo para ela.

Retirei do site "Um Atlas do Universo" (http://atlas.zevallos.com.br/ngc5128.html) as seguintes informações:

"Esta é uma galáxia notável. É classificada oficialmente como uma galáxia lenticular (uma galáxia com uma protuberância central cercada por um disco liso de estrelas) mas é muito estranha - tanto é, que somente em 1952 é que os astrônomos confirmaram definitivamente que era uma galáxia. A galáxia é biseccionada por uma grossa e escura faixa de poeira, e é também uma forte fonte de ondas de rádio - a galáxia é chamada geralmente ' Centaurus A ' pelos radio-astrônomos, porque foi a primeira fonte de ondas de rádio descoberta nesta parte constelação nos anos 1950's. É a 'rádio-galáxia' mais próxima. As observações com os rádio-telescópios e telescópios de infravermelhos mostram que NGC 5128 engoliu uma galáxia espiral, provavelmente a aproximadamente quinhentos milhões de anos e os efeitos da colisão são as fortes emissões de rádio."

NGC 5128, segundo o Cartes du Ciel:

Galáxia - NGC 5128        
Dimensão:  27.6'x 20.5' 
Magnitude:  6.80
Brilho da Superfície: 13.50
J2000 RA:  13h25m30.00s   DE:-43°01'00.0"
Date  RA:  13h26m02.82s   DE:-43°03'53.4"

O lado sul a partir de minha casa é bastante prejudicado pelos postes de iluminação pública e, assim sendo estamos entrando na melhoe época para observar essa região, que chega a uma boa altura e fica acessível do lado da casa que fica menos vulnerável às luzes da rua.

Pela primeira vez usei o TRIATLAS (que mandei imprimir e encadernar) em uma seção de observação. Ainda está fazendo falta uma lanterna com filtro vermelho. Mas como não consigo escuridão aqui em casa, vou usando uma lanterna pequena de LED.

A galáxia fica praticamente no centro do triângulo formado por gamma zeta e iota centaurus, o que facilita bastante a sua localização. Também servem como referência as três estrelas (phi, mu e nu) que têm uma formação bem característica entre si e são visíveis a olho nú.

Com a PL daqui foi impossível ver a galáxia pela buscadora e ainda tentei com o binóculo 7 X 50 sem sucesso.

Assim fui "pulando" as estrelas usando a ocular de 32 mm que me dá praticamente 40 aumentos e um campo real de 1º 10' 30" (70,5'). Foi bem rápido encontrá-la. Aliás quero abrir um parêntesis aqui. Nunca desprezem os pequenos aumentos quando forem observar objetos difusos. Uma pupila de saída maior facilita muito a localização desses objetos que podemos perceber  "passando" pelo campo de visão.

A galáxia ocupa mais ou menos 20% do campo dessa ocular. Isso se fosse possível observá-la por inteiro - tarefa impossível com toda essa PL. Assim fui incrementando aumentos, 60 X, 100 X e 200 X. A ocular planetária de 6 mm, que dá as 200 X escurece demais a imagem. A plossl (60 X) já permitiu uma imagem melhor do núcleo da galáxia, mas foi com a ortho (100 X) que consegui perceber melhor a faixa escura que divide Centaurus "A".

A imagem daqui é bem fraca - se não tivesse pesquisado muito provavelmente ela teria passado despercebida pela ocular. Hoje vou atrás de um local com vista menos prejudicada para o sul quanto às luzes parasitas e a PL e tentar outra observação com as pupilas mais dilatadas e um céu menos claro,

Achei na internet uma astrofoto do Marcelo Domingues do CASB com quem não consegui contato. arrisquei a sua  reprodução aqui no blog e continuar tentando o contato para ter a devida autorização. Caso alguém saiba como contatá-lo peço a grande gentileza de me informar.

Essa imagem foi a mais próxima que encontrei daquilo que consegui observar daqui - na verdade minha observação foi uma imagem mais fraca.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Primeiras impressões do "novo" telescópio

No meu álbum de fotos detalhei a reforma que fiz no meu telescópio newtoniano de 180 mm/F7  - ótica do S. Santiago.
Em resumo foram as seguintes modificações:
- troca do tubo de PVC de 196 mm de diâmetro interno por um de ferro galvanizado com 212 mm de diâmetro interno.
- troca da célula do primário por uma de seis pontos de apoio flutuantes.
- troca da haste do suporte do secundário. Uma haste curva no lugar da tradicional aranha de 3 hastes retas.
Depois de tudo montado no lugar chegou a hora da colimação. Fiz um "alvo" com círculos concêntricos com o diâmetro do tubo, retirei o suporte do secundário e alinhei o espelho primário. Através do furo no centro do alvo olhava o reflexo dele no espelho fazendo os ajustes nos parafusos da célula até que a marca central do espelho coincidisse com o centro do alvo.
Recoloquei o suporte do secundário e olhando pelo focalizador centralizei o reflexo da marca do primário deixando que o mesmo primário fosse refletido por inteiro no secundário sem deixar faltar nenhuma parte. Nesse ponto o tubo mais largo facilitou a tarefa pois é possível ver a luz que entra pelos furos de ventilação da célula. Como esses furos foram feitos a 120º exatos um do outro ficou muito fácil perceber quando o alinhamento estava errado. Fiquei impressionado com o pouco tempo que gastei para colimar o telescópio. Depois fui me afastando do focalizador para conferir a centralização do sistema ótico e mesmo a cerca de 1,5 metros posso ver o reflexo do primário inteiro com sua marca bem centralizada.
Na noite do dia 10 /02 para o dia 12/02 a Lua apareceu por entre as nuvens e levei o telescópio para fora para a sua primeira luz. Primeira decepção: não consegui fazer foco com nenhuma das oculares, o foco ficou muito para dentro. Como sou meio teimoso voltei para a garagem, removi a célula e fiz uma nova furação, aproximando o primário da boca do tubo em 3,5 cm.
Voltei para fora mesmo sem refazer a colimação pois a Lua poderia se esconder logo. Agora o foco ficou perfeito com todas as oculares. apesar da névoa que ficava muito clara com a luz que a Lua refletia pude perceber muita definição nas crateras e já estava feliz com o resultado.
Ai olhei para o oeste e vi que Sirius conseguia "furar" a névoa. apontei para ela afim de verificar a performance da haste curva. Ela realmente funcionou ! Mesmo se tratando da estrela mais brilhante para nós aqui na Terra, observei apenas um ponto, sem aquelas epísculas de difração presentes nos telescópios equipados com aranha de hastes retas. Quanto à perda de contraste (a difração não desaparece com a haste curva mas ela não se concentra mais em epísculas e sim se distribui por todo o campo de visão) ainda não tenho parâmetros para julgar, pois a névoa já diminui muito a qualidade da observação.
Já havia me dado por satisfeito quando olhei de novo para a Lua e vi que havia um buraco entre as nuvens e uma "estrela" meio diferente a pouca distância e logo me lembrei de Saturno. Apontei para ele e nessa hora constatei a grande melhora que tive em relação à versão anterior do telescópio. Uma imagem muito mais nítida, tanto que até observei algo que julgava não ser possível, faixas equatoriais na superfície do planeta paralelas aos anéis. Quando observava Saturno, no ano passado, via um disco amarelo sem textura alguma. E só pude fazer essa observação com a ocular de 12,5 mm que dá 100 aumentos. Quando coloquei a planetária de 6 mm as nuvens estragaram minha alegria.
Essas foram as primeiras impressões. O tempo voltou a ficar muito fechado e não para de chover (está parecendo o Camboja na época das monções). Mas a princípio pude ver que o trabalho que tive foi recompensado - e bota trabalho nisso.
Assim que fizer observações melhores voltp a postar mais impressões.