quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Primeiras impressões do "novo" telescópio

No meu álbum de fotos detalhei a reforma que fiz no meu telescópio newtoniano de 180 mm/F7  - ótica do S. Santiago.
Em resumo foram as seguintes modificações:
- troca do tubo de PVC de 196 mm de diâmetro interno por um de ferro galvanizado com 212 mm de diâmetro interno.
- troca da célula do primário por uma de seis pontos de apoio flutuantes.
- troca da haste do suporte do secundário. Uma haste curva no lugar da tradicional aranha de 3 hastes retas.
Depois de tudo montado no lugar chegou a hora da colimação. Fiz um "alvo" com círculos concêntricos com o diâmetro do tubo, retirei o suporte do secundário e alinhei o espelho primário. Através do furo no centro do alvo olhava o reflexo dele no espelho fazendo os ajustes nos parafusos da célula até que a marca central do espelho coincidisse com o centro do alvo.
Recoloquei o suporte do secundário e olhando pelo focalizador centralizei o reflexo da marca do primário deixando que o mesmo primário fosse refletido por inteiro no secundário sem deixar faltar nenhuma parte. Nesse ponto o tubo mais largo facilitou a tarefa pois é possível ver a luz que entra pelos furos de ventilação da célula. Como esses furos foram feitos a 120º exatos um do outro ficou muito fácil perceber quando o alinhamento estava errado. Fiquei impressionado com o pouco tempo que gastei para colimar o telescópio. Depois fui me afastando do focalizador para conferir a centralização do sistema ótico e mesmo a cerca de 1,5 metros posso ver o reflexo do primário inteiro com sua marca bem centralizada.
Na noite do dia 10 /02 para o dia 12/02 a Lua apareceu por entre as nuvens e levei o telescópio para fora para a sua primeira luz. Primeira decepção: não consegui fazer foco com nenhuma das oculares, o foco ficou muito para dentro. Como sou meio teimoso voltei para a garagem, removi a célula e fiz uma nova furação, aproximando o primário da boca do tubo em 3,5 cm.
Voltei para fora mesmo sem refazer a colimação pois a Lua poderia se esconder logo. Agora o foco ficou perfeito com todas as oculares. apesar da névoa que ficava muito clara com a luz que a Lua refletia pude perceber muita definição nas crateras e já estava feliz com o resultado.
Ai olhei para o oeste e vi que Sirius conseguia "furar" a névoa. apontei para ela afim de verificar a performance da haste curva. Ela realmente funcionou ! Mesmo se tratando da estrela mais brilhante para nós aqui na Terra, observei apenas um ponto, sem aquelas epísculas de difração presentes nos telescópios equipados com aranha de hastes retas. Quanto à perda de contraste (a difração não desaparece com a haste curva mas ela não se concentra mais em epísculas e sim se distribui por todo o campo de visão) ainda não tenho parâmetros para julgar, pois a névoa já diminui muito a qualidade da observação.
Já havia me dado por satisfeito quando olhei de novo para a Lua e vi que havia um buraco entre as nuvens e uma "estrela" meio diferente a pouca distância e logo me lembrei de Saturno. Apontei para ele e nessa hora constatei a grande melhora que tive em relação à versão anterior do telescópio. Uma imagem muito mais nítida, tanto que até observei algo que julgava não ser possível, faixas equatoriais na superfície do planeta paralelas aos anéis. Quando observava Saturno, no ano passado, via um disco amarelo sem textura alguma. E só pude fazer essa observação com a ocular de 12,5 mm que dá 100 aumentos. Quando coloquei a planetária de 6 mm as nuvens estragaram minha alegria.
Essas foram as primeiras impressões. O tempo voltou a ficar muito fechado e não para de chover (está parecendo o Camboja na época das monções). Mas a princípio pude ver que o trabalho que tive foi recompensado - e bota trabalho nisso.
Assim que fizer observações melhores voltp a postar mais impressões.